Sei que o inverno é de passagem, que o inferno é miragem
Sei que o tempo é destino, como o alimento é intestino
Sei que o vento é a sublimação do ar, frio, quente, frio,
quente,
Sei, que afinal não sei que nada do que disse tem importância,
Só o silêncio ouve.
Há coisas que não importam, outras que têm importância e
outras ainda que,
De inúteis são isso mesmo. Inúteis. Sem importância.
Há coisas que quero saber. Têm nome e o nome
das coisas dá-lhes a importância que
merecem, porque
inúteis. Coisas sem importância. Outras coisas,
outras.
E há esse desvio sempre,
Do que que se quer dizer, do que é dito e do que ficou por
dizer, porque não ouvido,
Sentido, (não)
Sofrido,
(... o silêncio, ...)
No arrumo das prateleiras bafientas, dos livros com pó e
saber, há os que reservam a surpresa. Essa surpresa, sempre.
Lê-se (recorda-se) as palavras diapasão de um dia, outro.
Por vezes,
Bem, por vezes paramos no meio
Das frases, dos pensamentos memória,
Das emoções da memória de repente vista com os olhos,
outros.
Dos sentidos, os mesmos de sempre, re-descobertos agora, que
Pensamos para sempre, esse
Sempre que nos persegue em frente, como
Sombra, mesmo que o sol nos fira, de frente
Os olhos, com que te-vimos (ti-vemos) uma vez. Única e irrepetivelmente
única e para sempre, única.
Quero a mágoa dos dedos doridos na ferida aberta
O sangue esperma que gera os filhos-dor, que nos sangram a
memória que não
Queremos, … e depois, …
Há sempre o pombo preto, qual corvo de bico branco. Alvo-branco
que fere o olho limite
Do sentido. De pé. De joelhos. Deitado. Defunto.
Do fundo.
(todas as palavras são filhos de quem somos
pais defuntos. Do fundo
do mais que há
em nós)
Re-lê-mo. Re-dimo-mo. Pre-siso-te agora que sou de carne que
é viva na memória pro-funda que teima, re-expira e re-inspira-se
e re-nasce-se e re-nova-se
e re-solve-se e di-solve-se, no diluir dos meus(únicos i-repetidos)
dias.
Quero … traço ponto traço ponto ponto. Ponto!
Re-tiro o que disse e me repito até que que a exaustão nos
dissolva.
Me re-solva.
Nada mais quero.
Quero!
Resto-me na re-evolução de tudo que me compõe.
Que me,
de-compõe.
LAM;! In “O Pombo Molhado”; Edições Afa-Zer Março de 2015
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