sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Em Fevereiro há um nome

O meu amor por ti tem lágrimas desde o teu nome. Diz-me o que serás quando a ausência deixar de fazer sentido e tudo à volta não mais ser estranho. Ser estrangeiro em si próprio é avassalador. Deixei de ser náufrago no meu elemento. Temo o destino de morrer na praia. Penso-te. Há um sonho à minha porta em que entro sempre que dela saio e me deixo envolver por ti. Somos o mesmo passado. A esfera da vida continua à deriva pelo tempo. Encontramo-nos na encruzilhada dos sentidos. A pele. Envolvemo-nos. O hálito prolongado no beijo. Os olhos fechados. A imagem das mãos inquietas. O corpo que pulsa. Um relógio de sangue. Um desejo a dois. Um compasso de espera. Olhos nos olhos e o reflexo do espelho. Tu. Eu. Nós. A volúpia dos cabelos no corpo despido. As flores na cama. O aroma da tarde. A descoberta da luz. A noite inquieta. Fechamo-nos no silêncio do pecado porque assim é melhor vivido. Sinais nocturnos deixam-nos em sossego. Vivemos no silêncio. Vivemos do silêncio. Amamos em segredo. Pausadamente enlaçamos os corpos até que fique só um. Espasmo. O teu púbis no meu. Quietos. Adormecidos. Só há vida no interior de nós. Um coração que bate no ritmo do outro. O respirar despojado. Um encontro a sós. Procuro-te. Encontro-te no exacto sítio onde estou. Dissolvemos as lágrimas na saliva da língua. Tudo quanto quero tu tens. Tu dizes não precisar de mais nada. Que dia é hoje? É um dia igual aos demais. É um dia de amar. Não precisamos palavras. Temos as mãos e os dedos. A água do corpo. O açúcar. O sabor salgado do suor. A emoção repartida. O encanto do olhar. Já te disse que te amo? Aqui e agora. Só conjugamos no presente. O eterno presente. O gosto dos teus lábios. A urgência. O infinito já. Até que desfalecidos nos tranquemos no abraço quieto. O teu nome é uma palavra imensa. Amantes. Perdidos no oceano dos sentidos. Encontrados adormecidos pela madrugada. A única resposta possível. O teu aceno. O teu colo. O teu peito. A minha mão. Quero, dizes. Sou, respondo. Nada mais resta senão a solidão dos dedos entrelaçados. Selamos assim um pacto. Amor.

LAM

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