quinta-feira, 19 de abril de 2012

sem titulo


As palavras doces do vento, o vento certo das madrugadas, o frio das noites sem sono e tu ali, a meu lado. O gesto que seria necessário para abrir uma porta e fecha-la e dizer-te o segredo dos pássaros, num aceno de luar, enquanto dormes. Estou a teu lado. Um lado que só existe nos amantes. O lado de dentro. A suave música da noite, polvilhada de estrelas, embala-te. O teu sono é sereno, de criança, adormecida nos meus braços. Tudo o resto é silêncio. O tempo prolonga-se no meu olhar para além da janela. As sombras incomuns, que todas as noites nos visitam quedam-se junto ao parapeito. Desta vista não há árvores, mas os seus rumores sobressaem na noite quente. O calor do teu corpo veste o meu corpo, ainda frio pelo rumor da alva. O meu passeio nocturno, solitário, está a um abraço do fim. Estás aqui a meu lado. É em ti que me refugio, é em ti que me deito, é em ti que me amanheço.

LAM

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