As palavras doces do
vento, o vento certo das madrugadas, o frio das noites sem sono e tu ali, a meu
lado. O gesto que seria necessário para abrir uma porta e fecha-la e dizer-te o
segredo dos pássaros, num aceno de luar, enquanto dormes. Estou a teu lado. Um
lado que só existe nos amantes. O lado de dentro. A suave música da noite,
polvilhada de estrelas, embala-te. O teu sono é sereno, de criança, adormecida
nos meus braços. Tudo o resto é silêncio. O tempo prolonga-se no meu olhar para
além da janela. As sombras incomuns, que todas as noites nos visitam quedam-se
junto ao parapeito. Desta vista não há árvores, mas os seus rumores sobressaem
na noite quente. O calor do teu corpo veste o meu corpo, ainda frio pelo rumor
da alva. O meu passeio nocturno, solitário, está a um abraço do fim. Estás aqui
a meu lado. É em ti que me refugio, é em ti que me deito, é em ti que me
amanheço.
LAM
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